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CORONA

14 de dez. de 2018

Filha ainda chora à espera da mãe arrastada por correnteza

A pequena  Alexia ainda espera pela chegada da mãe.
(Fotos: Hélio Alef/GP1)
Cinco dias após o trágico acidente que terminou ocasionando a morte de Carla Daniela Morais Rodrigues, 32 anos, arrastada pelas águas no Residencial Torquato Neto IV, em Teresina, no último domingo (09), a sua filha de três anos ainda chora esperando pela mãe, que saiu de casa para comprar um lanche e não retornou.

Ainda sem saber de nada, a pequena Alexia está sendo amparada na residência de Maria de Sousa, onde Carla estava hospedada desde a última sexta. “Ela chegou na sexta-feira, trouxe duas crianças e eu a convidei para irmos a igreja no domingo. Estava tudo certo para a gente ir, mas ela desistiu. Ela saiu para ir até o comércio, serenava, mas a água demora muito para escoar e eu acredito que ela escorregou e caiu”, contou.
Moradora lamenta situação.
Dona Maria relatou que Carla Daniela era casada e teve cinco filhos com seu marido que, atualmente, mora em Bacabal e está desempregado. “Ela mantinha a casa, fazendo lanches, mas, na verdade, era sacoleira. Como o marido ficou desempregado, ela precisava de dinheiro imediato e como sacoleira tinha que esperar um pouco para receber. Então ela passou a trabalhar com lanches, era bem esperta”, relatou.

Maria de Sousa ressaltou que mesmo sem condições, sua família arcou com as despesas para levar o corpo de Carla Daniela até a sua cidade natal, São Mateus do Maranhão. “A família dela é humilde, não teve condições de vir buscar o corpo e a gente arcou com todas as despesas. Nós gastamos em torno de R$ 2 mil e ajudamos um pouquinho a família”, pontuou.

Emoção e tristeza

Depois de tudo, Maria descreveu como tem sido os últimos dias com a filha de três anos, que Carla trouxe para Teresina. “A situação é triste, sabe? A neném fala: ‘minha roupa quem vai lavar é minha mãe! Minha mãe está demorando chegar’. Ontem à noite chorou bastante, ela era muito apegada a ela [...]”.

Apelo
Moradores têm dificuldades de transitar nas ruas.
“É preciso que o poder público resolva esse problema! São pessoas trabalhadoras que querem a oportunidade de ter uma residência. O que é que falta para olhar como ser humano, regularizar isso e fazer uma galeria e escoar essa água? Tudo isso incomoda a gente e ainda acontece uma tragédia dessas. A gente não está aqui querendo fazer mídia, escândalo ou baderna. Estamos apenas querendo que alguém venha solucionar nosso problema. Pode até ser que não seja simples, mas quando se trata de ser humano, de família, precisa ter um olho mais humano” finalizou Maria de Sousa.

Em meio a toda essa situação, um conflito de responsabilidades emperra soluções para o problema de drenagem no Residencial Torquato Neto. Tanto a Caixa Econômica Federal, como a Prefeitura de Teresina já se pronunciaram lamentando a morte de Carla Daniela, mas além de notas de esclarecimento não houve avanço para atender a demanda da comunidade.