Papete. |
Dois maranhenses estão entre os 30 artistas
condecorados com a Ordem do Mérito Cultural deste ano, entregue na noite de
ontem (7) pelo Governo Federal. O cantor Papete - que morreu em maio deste ano
- foi um dos homenageados em memória, assim como Clementina de Jesus, Donga, Ismael Silva e Noel Rosa. Além deles, o poeta Ferreira Gullar também
recebeu o grau máximo de grão-cruz. A grande homenageada da noite foi Dona
Ivone Lara, uma das pioneiras na composição de sambas-enredos.
Durante o evento, o presidente Michel Temer anunciou a renovação
por mais cinco anos da Lei do Audiovisual. Segundo ele, com a prorrogação os
benefícios vão valer até 2022. “Aumentamos em mais de 40% o orçamento destinado
ao ministério da Cultura em 2017, apesar do momento de arrocho, de aperto”,
disse Temer.
Após a cerimônia, o ministro da Cultura, Marcelo Calero,
explicou que a ampliação do orçamento do ano chega “muito próximo” de repor o
que foi cortado pelos contingenciamentos promovidos nos anos anteriores pelo
governo federal. Segundo ele, em breve será lançado um projeto chamado
Bibliotecas do Amanhã. “Acho que nós conseguimos apresentar ao presidente
Temer, que esteve muito sensível às nossas demandas, uma série de planos e
projetos para o ano que vem, desde o fortalecimento da Funarte [Fundação
Nacional das Artes], passando pelas questões da Lei do Audiovisual. Foi um conjunto
de ações que eram merecedoras de maior atenção orçamentária”, defendeu Calero.
Papete
Nascido
na cidade maranhense de Bacabal, no dia 8 de novembro de 1947, José de Ribamar
Viana, o Papete, foi um importante percussionista, cantor, compositor, arranjador,
produtor e pesquisador musical.
Estudou
no Colégio Marista Maranhense. Anos depois, foi estudar reportagem fotográfica
em São Paulo, mas a música falou mais alto: tocou por sete anos na casa de
shows Jogral. Mesmo fora de sua terra natal, tornou-se um grande divulgador da
cultura maranhense.
Papete
também trabalhou como produtor, pesquisador e arranjador na conceituada
gravadora
Discos
Marcus Pereira. Esse selo era especializado em lançar álbuns voltados a ritmos
da cultura popular brasileira.
Sua
carreira internacional também alcançou status respeitável. Participou três
vezes do renomado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em que o posicionaram
como um dos três melhores percussionistas do mundo.
O
músico de Bacabal tocou com grandes nomes da música popular brasileira, das
mais variadas vertentes, como Paulinho da Viola, Miúcha, Marília Medalha, Chico
Buarque, Sá & Guarabira, Toquinho e Vinicius de Moraes, Almir Sater, Rita
Lee, Renato Teixeira e Martinho da Vila. Acompanhou ainda artistas internacionais,
como o saxofonista japonês Sadao Watanabe, um dos grandes nomes do jazz.
Morreu
no dia 26 de maio de 2016, aos 68 anos.
Ferreira Gullar
Poeta,
crítico de arte, biógrafo, tradutor, ensaísta, memorialista, membro da Academia
Brasileira de Letra (ABL). Rica é a trajetória literária do maranhense Ferreira
Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, nascido em São Luís, no dia 10 de
setembro de 1930.
O
artista maranhense é um dos 11 filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro
Goulart. Na carreira artística, adotou o sobrenome Ferreira, do pai, e
modificou o Goulart francês da mãe para Gullar. "É um nome inventado. Como
a vida é inventada, eu inventei meu nome", disse certa vez.
Ferreira
Gullar integrou o grupo literário da revista Ilha, que lançou o pós-modernismo
no Maranhão. Depois, morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da
poesia concreta, sendo considerado extremamente inovador e escrevendo seus
textos em materiais como placas de madeira.
Em
1956, participou da exposição que foi considerada marco oficial do início da
poesia concreta. Três anos depois, afastou-se dessa corrente e criou o
neoconcretismo, que valorizava a expressão e a subjetividade em oposição ao
concretismo ortodoxo.
No
começo dos anos 60, rompeu com mais esse movimento por considerar que o
neoconcretismo levava ao abandono entre palavra e poesia. Passou para uma
produção engajada e envolvida com os Centros Populares de Cultura (CPCs).
Ferreira
foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e terminou exilado pela
ditadura. Na Argentina, escreveu uma das obras-primas da língua portuguesa, o Poema
Sujo, que teve, entre seus entusiastas e divulgadores, o diplomata Vinicius
de Moraes. A carreira de Ferreira Gullar reúne uma série de reconhecimentos,
como o Prêmio Molière, de teatro, e Saci, de cinema e teatro, uma indicação ao
Prêmio Nobel de Literatura de 2002, o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção,
em 2007, e o Prêmio Camões, em 2010.
Sobre
a Ordem do Mérito Cultural
Criada
por decreto, em 1995, e outorgada pelo Ministério da Cultura (MinC), a OMC já
premiou mais de 500 protagonistas do desenvolvimento cultural brasileiro, como
Athos Bulcão, Ariano Suassuna, Luis Gonzaga, Milton Nascimento, Tomie Ohtake e
Vinicius de Moraes.
A
premiação é anual e a escolha é feita por meio de seleção entre nomes
previamente indicados pelo público em formulários disponibilizados nos canais
digitais do Ministério da Cultura (MinC) ou pelos Correios. As sugestões são
avaliadas pelo Conselho da Ordem do Mérito Cultural, presidido pelo ministro da
Cultura, Marcelo Calero, e também integrado pelos ministros das Relações
Exteriores, José Serra, da Educação, Mendonça Filho, e da Ciência, Tecnologia,
Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab. (Com
informações do O Estado e Assessoria de Comunicação Ministérioda Cultura.