Vendo que uma boa parcela das prefeituras, principalmente do Maranhão, anunciava que não faria o carnaval oficial de suas cidades sob a alegação de investir em outros setores, inclusive na Saúde, o Blog do Sérgio Matias fez uma publicação, na última quarta-feira, dia 13 de janeiro, que tem como título - Carnaval é coisa séria senhores prefeitos, onde questiona essa decisão, pois entende que eventos desse porte são relevantes não só por proporcionar alegria e diversão, mas também por aquecer o comércio, gerando emprego e renda, e difundir nossa cultura.
Neste domingo (17) um dos mais conceituados jornalistas do Maranhão
publicou algo semelhante. Em seu blog, Raimundo Garrone diz que não passa de
demagogia barata a decisão de alguns prefeitos em cancelar o carnaval para
priorizar a Educação, a Saúde e até mesmo o pagamento dos salários em atraso
dos servidores.
Ele escreveu: Em primeiro lugar, os investimentos públicos são definidos na elaboração da peça orçamentária de acordo com a importância de cada setor e a atuação do poder público para atender as necessidades da população.
Ele escreveu: Em primeiro lugar, os investimentos públicos são definidos na elaboração da peça orçamentária de acordo com a importância de cada setor e a atuação do poder público para atender as necessidades da população.
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O orçamento municipal. estadual ou federal revela os
compromissos dos gestores e o que eles entendem ser prioridade.
A ex-governadora Roseana Sarney, por exemplo, orçou para 2014
R$ 64 milhões para Comunicação e apenas R$ 29 milhões para os Direitos Humanos,
Assistência Social e Cidadania.Nessa balança, cada secretaria vale quanto pesa, sem que seja
preciso deixar de investir em um setor em função de outro, embora possa haver
discrepâncias.
A Educação e a Saúde recebem repasses federais e possuem
orçamentos, 25% e 15%, estabelecidos pela própria Constituição, o que demonstra
a falácia dos que justificam o cancelamento do carnaval para
investir nessas áreas consideradas prioritárias e que funcionam bem abaixo da
crítica.
Deixar de investir em Cultura não vai resolver os problemas
da péssima qualidade de ensino e assistência médico/hospitalar. Tampouco
servirá para colocar em dia a folha de pagamento dos servidores.
A responsabilidade por tudo isso não é do carnaval, mas da
incompetência e do desvio do dinheiro público.
Na verdade, o carnaval deixou de ser importante
depois que foi descoberto o esquema dos que aproveitam a folia de Momo para
colocar dinheiro no bolso com a importação milionária de bandas baianas.
Pode-se muito bem fazer uma festa mais barata e de acordo com
a capacidade econômica de cada município, com atrações locais e estaduais.
Mas isso não interessa, é só trabalho!
E só quem vai ter lucro – e esse honesto – é a população,
principalmente a mais carente que aproveita o carnaval, assim como toda
atividade cultural, que é parte de uma cadeia produtiva, para ganhar um
dinheiro, que lhe permite pelo menos no início do ano, colocar comida na mesa.
A maioria, aliás, espera doze meses por essa única
oportunidade de faturamento com a venda de churrasquinhos e bebidas.
O pior é que não só os gestores, mas parte da sociedade,
demonstra completa ignorância sobre a capacidade da Cultura em transformar a
vida das pessoas e gerar riquezas e empregos.
Nesse sentido, vale ressaltar a definição, em entrevista ao
blogacesso (leia
aqui), do cientista político e economista, veja bem, economista, José
Álvaro Moisés, do Departamento de Ciência Política da USP, sobre a importância
da Cultura para o desenvolvimento socioeconômico de uma sociedade:
“A cultura e as artes são dimensões fundamentais da vida
humana. Por meio delas, as pessoas atribuem significação simbólica à sua
experiência cotidiana, definindo e transformando o sentido de atividades como a
luta pela sobrevivência e o trabalho. A cultura faz isso porque acrescenta
valor à vida das pessoas, seja do ponto de vista material, ao torná-las mais
qualificadas e mais valiosas em seu ambiente profissional, seja do ponto de
vista ético e moral, ao estimular o seu refinamento espiritual e estético e ao
melhorar a sua autoestima. Exemplo disso é a fruição da beleza possibilitada
pela obra de arte. A beleza transforma a qualidade de vida das pessoas ao
torná-las mais sensíveis e, dessa forma, melhores como seres humanos. Por causa
disso, a cultura também é um componente fundamental do desenvolvimento ao
reivindicar a humanização do crescimento econômico”.
E como bem diz e canta Alcione Nazaré em Samba da
Minha Terra: Quem não gosta de samba bom sujeito não é: É ruim da cabeça ou doente
do pé!