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17 de jan. de 2016

Culpar o carnaval pelos problemas na folha, na Saúde e na Educação é mascarar a corrupção

Vendo que uma boa parcela das prefeituras, principalmente do Maranhão, anunciava que não faria o carnaval oficial de suas cidades sob a alegação de investir em outros setores, inclusive na Saúde, o Blog do Sérgio Matias fez uma publicação, na última quarta-feira, dia 13 de janeiro, que tem como título - Carnaval é coisa séria senhores prefeitos, onde questiona essa decisão, pois entende que eventos desse porte são relevantes não só por proporcionar alegria e diversão, mas também por aquecer o comércio, gerando emprego e renda, e difundir nossa cultura.


Neste domingo (17) um dos mais conceituados jornalistas do Maranhão publicou algo semelhante. Em seu blog, Raimundo Garrone diz que não passa de demagogia barata a decisão de alguns prefeitos em cancelar o carnaval para priorizar a Educação, a Saúde e até mesmo o pagamento dos salários em atraso dos servidores.

Ele escreveu: Em primeiro lugar, os investimentos públicos são definidos na elaboração da peça orçamentária de acordo com a importância de cada setor e a atuação do poder público para atender as necessidades da população.

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O orçamento municipal. estadual ou federal revela os compromissos dos gestores e o que eles entendem ser prioridade.

A ex-governadora Roseana Sarney, por exemplo, orçou para 2014 R$ 64 milhões para Comunicação e apenas R$ 29 milhões para os Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania.Nessa balança, cada secretaria vale quanto pesa, sem que seja preciso deixar de investir em um setor em função de outro, embora possa haver discrepâncias.

A Educação e a Saúde recebem repasses federais e possuem orçamentos, 25% e 15%, estabelecidos pela própria Constituição, o que demonstra a falácia dos  que justificam o cancelamento do carnaval para investir nessas áreas consideradas prioritárias e que funcionam bem abaixo da crítica.

Deixar de investir em Cultura não vai resolver os problemas da péssima qualidade de ensino e assistência médico/hospitalar. Tampouco servirá para colocar em dia a folha de pagamento dos servidores.

A responsabilidade por tudo isso não é do carnaval, mas da incompetência e do desvio do dinheiro público.

Na verdade,  o carnaval deixou de ser importante depois que foi descoberto o esquema dos que aproveitam a folia de Momo para colocar dinheiro no bolso com a importação milionária de bandas baianas.

Pode-se muito bem fazer uma festa mais barata e de acordo com a capacidade econômica de cada município, com atrações locais e estaduais.

Mas isso não interessa, é só trabalho!

E só quem vai ter lucro – e esse honesto – é a população, principalmente a mais carente que aproveita o carnaval, assim como toda atividade cultural, que é parte de uma cadeia produtiva, para ganhar um dinheiro, que lhe permite pelo menos no início do ano, colocar comida na mesa.

A maioria, aliás, espera doze meses por essa única oportunidade de faturamento com a venda de churrasquinhos e bebidas.

O pior é que não só os gestores, mas parte da sociedade, demonstra completa ignorância sobre a capacidade da Cultura em transformar a vida das pessoas e gerar riquezas e empregos.

Nesse sentido, vale ressaltar a definição, em entrevista ao blogacesso (leia aqui), do cientista político e economista, veja bem, economista, José Álvaro Moisés, do Departamento de Ciência Política da USP, sobre a importância da Cultura para o desenvolvimento socioeconômico de uma sociedade:

“A cultura e as artes são dimensões fundamentais da vida humana. Por meio delas, as pessoas atribuem significação simbólica à sua experiência cotidiana, definindo e transformando o sentido de atividades como a luta pela sobrevivência e o trabalho. A cultura faz isso porque acrescenta valor à vida das pessoas, seja do ponto de vista material, ao torná-las mais qualificadas e mais valiosas em seu ambiente profissional, seja do ponto de vista ético e moral, ao estimular o seu refinamento espiritual e estético e ao melhorar a sua autoestima. Exemplo disso é a fruição da beleza possibilitada pela obra de arte. A beleza transforma a qualidade de vida das pessoas ao torná-las mais sensíveis e, dessa forma, melhores como seres humanos. Por causa disso, a cultura também é um componente fundamental do desenvolvimento ao reivindicar a humanização do crescimento econômico”.

E como bem diz e canta Alcione Nazaré em Samba da Minha Terra: Quem não gosta de samba bom sujeito não é: É ruim da cabeça ou doente do pé!